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Formada em Administração de Empresas com especialização em Auditoria e Gestão em Saúde. Consultora em qualidade e Gestão por Processos na área da saúde para hospitais e operadoras de planos de saúde.Professora de Pós Graduação na área da Qualidade em Saúde. Mestre em Desenho, Gestão e Direção de Projetos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Enfermeira carioca cria maca para banhos em pacientes

Enfermeira carioca cria maca para banhos em pacientes 21/10/2012 Divulguem Share on twitterShare on facebookShare on orkutShare on googleShare on deliciousShare on emailShare on favoritesShare on print| More Sharing ServicesA A A O exercício da enfermagem requer muito mais do que o domínio das técnicas específicas no trato a quem está doente ou debilitado. É necessário também muita dedicação e sensibilidade, numa profissão que lida diariamente com os cuidados essenciais a pessoas que, muitas vezes, estão em situações extremamente desconfortáveis e presas a um leito de hospital por tempo indeterminado. Acostumada a essa rotina, a enfermeira Nilmar Alves Cavalcante, com 20 anos de experiência na profissão, percebeu uma lacuna nos cuidados aos pacientes acamados: o momento do banho. "Até hoje os banhos nos pacientes impossibilitados de se levantar são dados com uma técnica antiga, já ultrapassada, utilizando-se balde, esponja e gaze. Não é confortável e nem eficaz na limpeza do paciente", conta Nilmar. Maca de banho Tendo em vista essa carência na rotina de cuidados com a saúde, a enfermeira desenvolveu uma maca higienizadora, onde o paciente pode ter um banho quase igual ao que se toma no chuveiro, só que na posição horizontal e com água morna. A maca é construída em aço inox e forrada com colchão coberto por uma espécie de couro sintético que, além de ser impermeável, é resistente e não produz mofo. Com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Nilmar batizou sua maca higienizadora de Confort Care e agora está estreando como empresária. "Era preciso um material duradouro, para que a água e o sabão durante os banhos, além do cloro, utilizado para esterilização, não deteriorassem a maca," explica Nilmar. O lençol também é impermeável, mas é descartado a cada banho. Com movimentos de elevação, a maca higienizadora pode ficar na mesma altura que a cama do paciente, facilitando o trabalho para o profissional de enfermagem e evitando desconfortos e riscos de acidentes durante as movimentações. Com um tanque de 20 litros, ela conta com um boiler, responsável pelo aquecimento da água que fica armazenada na parte inferior do equipamento. Para isso, basta conectar a maca na tomada. "O boiler esquenta e armazena a água já aquecida para a hora do banho. Esse é o único momento em que é necessário utilizar energia elétrica, o que é feito sem a presença do paciente", explica Nilmar. Um tanque cheio com 20 litros de água garante o banho de seis pacientes. Ela enfatiza ainda que também não há risco de choque elétrico, uma vez que o aquecimento da água é feito pelo profissional de enfermagem antes de o paciente ser colocado na maca. E, mesmo se faltar luz, ninguém será obrigado a tomar banho frio. É quando entra em ação a bateria recarregável de 24 volts e duração de até dois meses. Furos nas laterais drenam a água usada, que escoa para um tanque independente e completamente separado da água limpa. "Quando o tanque de água servida atinge sua capacidade total, que é de 20 litros, a maca faz soar um alarme. Porém, antes de ser esvaziado, o tanque recebe pastilhas de cloro em uma entrada especificamente para este fim. Assim, evita-se o contágio e a proliferação de bactérias que, porventura, possam estar na água que for escoada." Fonte: Diário da Saúde | Postado no Portal da Enfermagem

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O futuro da gestão nas instituições de saúde

Quem não tiver uma gestão racional e processos eficientes e eficazes perderá oportunidades valiosas de intercâmbio cultural e fidelização de clientes que atravessa fronteiras.

Por Genésio Jorbes

 
Há algumas semanas recebi o pedido – prontamente aceito – de escrever, para a revista FH, um artigo que levasse aos leitores quais são, na minha visão, as perspectivas para os próximos anos no segmento da saúde.
Turismo de saúde; modalidades de investimento; e tecnologia da informação – as diretrizes que, definirão os moldes do cenário da saúde nos anos que virão, com grande influência na gestão.
Turismo de saúde
Há 60 milhões de pessoas no mundo que podem, em algum momento, decidir sair de seu país e buscar, no estrangeiro, tratamentos para os mais diversos problemas de saúde. Trata-se de um contingente que representa quase um quarto da população do Brasil, que, por sua vez, tem 45 milhões de usuários da saúde suplementar (considerando planos médicos e odontológicos).
Qual será o nosso posicionamento diante deste cenário? E considerando que, em termos de tecnologia, os países destino do turismo de saúde têm os mesmos recursos e se encontram em estágio similar de desenvolvimento? O que atrairá os turistas de saúde? Médicos famosos? Hospitais bonitos? A resposta correta é: custos. Quem não tiver uma gestão racional e processos eficientes e eficazes não terá condições de receber este contingente e perderá oportunidades valiosas de intercâmbio cultural e fidelização de clientes que atravessa fronteiras.

Modalidades de investimento
Vislumbro, para a próxima década, a consolidação de três tipos de grandes hospitais, diretamente ligada às modalidades de gestão e injeção de recursos financeiros.
Os hospitais religiosos – as Santas Casas – continuarão a existir, embora com cada vez mais dificuldades de manutenção, em virtude de seus modelos de governança. Além disso, os conglomerados hospitalares das operadoras de planos de saúde – resultado da crescente verticalização – continuarão a crescer e se multiplicar, sem sombra de dúvida. E, por fim, será confirmada uma tendência que dá seus passos iniciais no cenário de saúde: os hospitais privados que se firmam no mercado, vinculados ou fomentados por investidores.
Estes últimos, transformando nosso atual modelo de gestão, ainda muito paternal e amador, num modelo empresarial, focado no resultado. Tendo a competividade como característica forte da sua atuação.

Tecnologia da Informação
Não tem jeito. Para falar do futuro da saúde no quesito tecnologia da informação, é preciso usar um pouco de imaginação. Não que faltem indícios concretos dos avanços que se aproximam. A tecnologia do chip, por exemplo, começa ganhar espaço e deve motivar a mesma quebra de paradigma que se observou quando do advento do código de barras em processos hospitalares, há cerca de quinze anos.
O chip vai ser utilizado não somente para o controle dos medicamentos, materiais e do patrimônio das instituições hospitalares, mas também na gestão de pessoas e monitoramento dos pacientes. Uma verdadeira revolução!
Outra inovação será o desenvolvimento dos sistemas web para assistência à distância. O médico com acesso a todo o prontuário e exames do paciente de maneira remota. Uma medicina virtual, que colocará em cheque o contato direto entre o médico e o doente.
Quem imaginava que o Estado de São Paulo teria sua central de laudos, atendendo a milhares de pacientes em tempo real. Os laboratórios operando com pools e sedes centrais em poucas cidades, alocando somente profissionais de atendimento e supervisão técnica.
A tecnologia da informação também contribuirá fortemente para a desospitalização. Com a possibilidade de monitoramento a distância dos indicadores de pacientes crônicos, por exemplo, diminui o número de internações clínicas, ficando os hospitais mais focados naquela que deve ser sua atividade principal: o atendimento a casos complexos.
Além dos três pontos-chave já explorados neste artigo, há ainda outras duas questões a serem consideradas com especial atenção nos próximos anos: a governança corporativa e a gestão profissional do corpo clínico. Temas já abordados anteriormente neste espaço e que voltarão a ser explorados em breve.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Veja distribuição das certificações ONA pelo Brasil

A certificação atinge quase 10% dos leitos hospitalares no País. Atualmente, 300 organizações possuem ONA vigente, totalizando aproximadamente 25.700 leitos

por Saúde Web

A Organização Nacional de Acreditação (ONA) e o Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA) registraram crescimento de 12,3% de organizações certificadas em 2011. Atualmente, 300 organizações possuem certificação vigente, totalizando aproximadamente 25.669 leitos, que representam quase 10% do total de leitos hospitalares clínicos e cirúrgicos do Brasil.

O número de leitos em hospitais acreditados pela ONA quase dobrou no último ano: em 2011 a acreditação incluiu 11.900 novos leitos aos 13.769 das organizações hospitalares com certificação válida, totalizando 25.669 leitos. Esse número é ainda mais significativo se comparado com os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), indicando que o Brasil conta atualmente com uma oferta de 266.464 leitos clínicos e cirúrgicos.
No total foram concedidos 146 certificados de Acreditação em 2011, sendo 76 Hospitais, 9 Serviços de Hemoterapia, 19 Laboratórios, 13 Serviços de Nefrologia e Terapia Renal Substitutiva, 19 Serviços Ambulatoriais, 7 Serviços de Diagnóstico por Imagem, Radioterapia e Medicina Nuclear, 1 para Serviço de Atenção Domiciliar, 1 para Serviço de Manipulação e 1 para Programa da Saúde e Prevenção de Riscos.
O Sudeste foi a região do País com a maior parcela de Acreditações no último ano, onde também se concentra o maior número de serviços de saúde disponíveis para a população. A região Norte, por sua vez, concentra com menor número de estabelecimentos acreditados no último ano (4 estabelecimentos, todos no Pará).
Desse total, 50 receberam a certificação pela metodologia ONA pela primeira vez, ou seja, 34,25%; 42 estão na segunda certificação (28,77%); 34 na terceira certificação (23,29%); 16 receberam quatro certificações (10,96%) e 4 estão em seu quinto ciclo de certificação (2,73%). Estes números indicam um crescimento de 12,30% em relação às acreditações concedidas em 2010.
A fim de garantir a integridade do processo de certificação, as Instituições Acreditadoras realizaram também 396 visitas de manutenção, sendo 390 visitas ordinárias e 6 extraordinárias. Houve a manifestação de 6 eventos sentinela (ocorrência inesperada ou variação do processo que pode resultar em lesão física, psicológica ou em óbito).
Nos três primeiros meses de 2012, mais 19 organizações de saúde foram certificadas/recertificadas. Atualmente, aproximadamente 300 certificados estão vigentes.
Pela metodologia do Sistema Brasileiro de Acreditação, a organização ou programa da saúde Acreditada recebe certificação válida por dois anos (Nível I), a Acreditada Plena (Nível II) também é certificada por dois anos e a Acreditada com Excelência (Nível III) tem a certificação validada por três anos.

Veja novidades da nova TISS versão 3.0

Nova versão traz algumas novidades, entre elas a rastreabilidade das faturas eletrônicas e a inclusão das terminologias em saúde e seus códigos unificados nas guias

por Saúde Web
 
A Comissão de Estudo Técnico TISS realizou a terceira edição do Implanta TISS – TUSS, na última segunda-feira (19), em São Paulo. O tema central do evento foi a nova versão da TISS, a de número 3.0, que deverá ser lançada no final de abril, segundo o gerente geral de Integração Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Antonio Carlos Endrigo.
A nova versão traz algumas novidades, entre elas a rastreabilidade das faturas eletrônicas – que permitirá aos prestadores identificar as guias pagas e as glosadas – e a inclusão das terminologias em saúde e seus códigos unificados nas guias.
A ANS publicará uma Resolução Normativa disponibilizando a versão 3.0 da TISS, além de definir prazos para adequação às novas regras. A partir da nova versão e da validação da futura resolução, todas as guias trocadas entre prestadores e operadoras de planos de saúde deverão ser enviadas para a agência.
Outra medida será a realização de oficinas de treinamento sobre o novo programa, desta vez com especial enfoque nas empresas de tecnologia envolvidas no processo de transferência de dados.
Para o representante da Orizon, Sérgio Santos, a versão 3.0 deve ser mais atrativa, porque traz mais benefícios às instituições. Segundo ele, a possibilidade de rastreabilidade das guias é um forte argumento para que o mercado adote rapidamente a nova versão.
TUSS
Até o momento, às vésperas do lançamento, Terminologia Unificada da Saúde Suplementar conta com 108.378 termos codificados. Segundo Antonio Carlos Endrigo, a agência ainda não sabe se vai conseguir lançar a nova versão contemplando todos os códigos, ou se terá que deixar de fora os materiais, as órteses e as próteses. A dificuldade, segundo ele, é a diversidade de fornecedores de cada produto, as combinações possíveis entre os tipos de produtos e a relação desses códigos com a precificação.

Fonte: Com informações do Sindhosp

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

6 dicas para prevenir fraudes contra planos de saúde

por Mariana Costa para a Revista FH

Fraudes representam até 20% das despesas das operadoras. Especialistas dão dicas para prevenir irregularidades e indicam o que deve ser feito quando a empresa é a vítima

Arlindo de Almeida, da Abramge, ressalta a importância de auditoria nas contas
Gestores de diferentes empresas se esforçam para equilibrar gastos e aumentar os lucros, na tentativa de manter um balanço financeiro saudável. Apesar disso, precisam lidar com o fato de que uma grande fatia deste bolo é abocanhada por fraudes que ocorrem interna e externamente. De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo, aproximadamente 20% das despesas de atendimento em operadoras de planos de saúde são representadas por fraudes.
Segundo Arlindo de Almeida, presidente da Abramge, as principais fraudes se encaixam em duas modalidades. Existem aquelas cometidas na rede credenciada como pedidos de exames excessivos e desnecessários, retornos cobrados como novas consultas, serviços com códigos diferentes do procedimento efetuado, internação por tempo excessivo e internação em UTI desnecessária. Nessa categoria, Almeida encaixa ainda o caso de materiais de alto custo superfaturados e medicamentos genéricos cobrados como medicamentos de marca.

Há também, segundo o gestor, a modalidade das fraudes cometidas pelos pacientes, como quando há falsidade nas informações na entrevista médica qualificada ao contratar o plano, ou mesmo quando o paciente fornece sua credencial para outra pessoa que não pertence ao convênio. Em relação a este último tipo de fraude, estimativas da Abramge apontam para uma redução de 3,5% no custo dos planos de saúde ao serem adotadas medidas para inibir essa prática, como os sistemas de identificação biométrica.
Além de ferramentas como esta, Almeida sugere outras estratégias para prevenir fraudes corporativas. Ele realça a importância de auditorias com visitas aos pacientes internados e auditorias nas contas para internados e não internados. É preciso, também, convencer os consumidores a adotar uma postura ética: “Com a divulgação sobre o fato de que a fraude se constitui um crime e pode ser causa de rescisão de contrato, além de processo criminal para o autor”, explica.
Em se tratando de fraudes, cada situação deve ser enfrentada de forma particular e apropriada, como aconselha Lorenzo Parodi, consultor e CEO da empresa Deall Riscos e Inteligência. “Não há uma regra geral que sirva para tudo. Nos casos relativos a clientes há medidas mais estritas de identificação, sobretudo através do uso de biometria. No caso dos fornecedores, há uma série de medidas de controle, auditoria, monitoramento e comparação que permitem identificar situações anômalas que mereçam uma investigação mais profunda. Nos casos de fraudes internas também pode ser aplicada metodologia parecida, só que com alcance diferente das que podem ser implantadas junto a fornecedores”, diz.
A empresa de Parodi lida diretamente com essas fraudes, seja na prevenção ou na recuperação de perdas. De toda forma, o gestor enfatiza que o ideal é sempre tomar medidas cabíveis antes que seja registrada a ocorrência de fraudes. “Isso reduz muito as perdas potencias, além de ser um procedimento bem mais barato do que ações em situação de crise.”
Entre essas medidas preventivas, ele inclui um treinamento, junto aos funcionários, que evidencie as razões pelas quais é importante manter um comportamento ético, além de se observar o comportamento dos colegas, evitando possíveis desvios. Nesse sentido, estabelecer canais de comunicação com funcionários e colaboradores tem papel crucial. “A comunicação interna é muito importante em vários niveis. Tanto na divulgação das diretrizes e políticas, quanto na consciência do controle e monitoramente constante quanto, por fim, na certeza da punição”, conta Parodi.
É importante lembrar, ainda, que ferramentas de Tecnologia da Informação desempenham importante função na análise e prevenção de fraudes corporativas. O consultor ressalta que existem ferramentas com funções diferentes, cobrindo diferentes áreas. “Cada caso merece uma análise para identificar as soluções mais apropriadas e que sejam implementáveis sem causar graves transtornos à operação.”
Quando é preciso remediar
Investir em prevenção é de suma importância, mas como agir quando apenas prevenir não é suficiente?
O consultor Lorenzo Parodi ressalta que um dos momentos mais delicados é quando a empresa percebe que é vítima de fraudes. “Na realidade, é provavelmente uma das horas em que a empresa mais precisa de acompanhamento profissional do caso. Tanto na esfera operacional – o que fazer, como apurar e como reagir – quanto em outras esferas, como jurídica, trabalhista e administrativa.” Por isso, Parodi aconselha os gestores a não fazer nada até conseguir suporte externo competente. “Ações conduzidas de forma precipitada podem trazer graves prejuízos e inibir as chances de êxito de futuras medidas.”
Nessa linha, Arlindo de Almeida, presidente da Abramge, afirma também que é preciso acionar como órgão regulador a Agência Nacional de Saúde Suplementar.Almeida diz que os impactos dessas fraudes para as empresas do setor de saúde podem chegar a 20% do total do faturamento. No entanto, como lembra Parodi, somente podem ser medidas as fraudes detectadas, que muitas vezes são apenas uma fração das existentes. “Minha opinião pessoal é que a realidade geral das fraudes em planos de saúde seja muito mais grave.”
DICAS
Inibindo fraudes
-Identificação biométrica
-Auditoria para internados e não internados
-Monitoramento constante
-Ações de conscientização do cosumidor
-Treinamento de funcionários (valores éticos)
-Comunicação interna estruturada
Instalada a Fraude
-Prospecção de tecnologias da informação de acordo com o caso
-Acompanhamento profissional nas esferas: operacional, jurídica, trabalhista e administrativa

Gestor de saúde deve ser a inspiração de sua equipe

por Cínthya Dávila

Diretora de enfermagem do Hospital Universitário da USP, Maria Júlia Paes Silva, acredita que um líder deve lembrar os colaboradores o que os levou a trabalhar neste ramo

Quando a diretora de enfermagem do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, Maria Júlia Paes da Silva, aceitou conceder uma entrevista para a revista FH, não imaginava que, momentos antes desta repórter chegar ao local marcado, haveria uma queda de energia na região, que deixaria o ambiente que estávamos sem luz. Sem se abalar, ela sorriu e começou a contar sua história no setor da saúde.
De forma parecida, há três anos, a enfermeira não imaginava que, depois de mais de duas décadas atuando como docente da Faculdade de Enfermagem da USP, assumiria a diretoria do Hospital Universitário da instituição.
Duas situações diferentes, com graus de importância distintos, mas que, independentemente da complexidade, não afetam a serenidade de Maria Júlia. Essa maneira despretensiosa de lidar com os acontecimentos da vida, onde os pragmatismos e percalços dão lugar aos sonhos, são algumas das características que compõe sua visão de mundo.
Quando foi convidada para se tornar gestora da enfermagem do hospital, a profissional estava com seus planos de carreira focados na área de pesquisa. Ela conta que não havia se organizado para voltar ao hospital, mas achou que essa nova etapa que aparecera era uma oportunidade de fazer valer e ancorar o que ensinava e, também, de poder colocar em prática tudo o que havia sido falado em suas aulas.
Além disso, Maria Júlia sempre manteve sua paixão pelos trabalhos de campo e teve a chance de relembrar os tempos em que, junto com outros profissionais, ajudou a construir o HU. “No início da minha carreira, enquanto enfermeira, eu trabalhei no hospital e ajudei a construí-lo. Era um sonho termos outro hospital além do Hospital das Clínicas, que atendesse em âmbito secundário.”
A construção do hospital foi realizada há 30 anos, mas a enfermeira aborda as dificuldades encontradas para a realização do projeto como se fosse um fato recente. Um dos principais desafios elencados foi a ausência de processos especializados. “Naquela época, éramos considerados um bando de loucos, pois não existiam processos de enfermagem no Brasil. Sendo assim, decidimos nós mesmos criar esses protocolos.”
Da mesma forma que não existiam processos, também não existiam certezas, mas a vontade de realizar um trabalho diferenciado e com qualidade foi a força propulsora que motivou os profissionais a seguirem com seus objetivos.
Itens como desenvolvimento de pesquisa, sistematização, avaliação periódica com os funcionários, avaliação institucional e realização de registros foram algumas das “loucuras” colocadas em prática paulatinamente pela equipe do HU.
“Lembro que íamos à Associação Paulista de Medicina dar palestras baseadas nas nossas experiências e foi assim que a história do hospital começou”.
De volta para casa
Um dos fatores que contribuiu para que Maria Julia retornasse ao hospital foi o fato de ter se mantido atualizada sobre as mudanças tecnológicas que passaram a fazer parte da rotina da instituição ao longo do tempo.
“Se eu não tivesse acompanhado o trabalho de campo, não teria conseguido realizar as tarefas que executo hoje, pois nenhuma técnica que aprendi no passado é aplicada atualmente. Na minha época, eu não tinha aprendido a realizar os procedimentos com luvas, pois não existia Aids”.
Mas, para Maria Júlia, nem só de prática se faz uma gestão, é preciso também ter poesia nas atividades realizadas. E é essa característica que garante sua sustentável leveza do ser. Tendo como inspiração líderes que tinham a caridade como objetivo de vida, como Mahatma Gandhi, Jesus Cristo, Madre Tereza de Calcutá, Nelson Mandela, Irmã Dulce e Florence Nightingale- a precursora da enfermagem moderna- a gestora de enfermagem do HU aplica esses preceitos no seu dia a dia.
“As pessoas citadas possuíam em sua essência um potencial de liderança e a capacidade de mudar a visão das coisas. Florence é uma delas, porque independentemente do que tenhamos modificado para melhorar a nossa enfermagem, ela nos ajuda até hoje com noções fundamentais que transmitiu, fazendo uso de uma perspectiva holística de atender o ser humano”.
A enfermeira coloca em prática também os conceitos da Pirâmide de Maslow, baseada na possibilidade que o grupo de trabalho tenha as suas necessidades fisiológicas atendidas, tenham consciência tranquila e pessoas que ajudem-nas a permanecer neste estado de tranquilidade. “Acredito que meu papel é ajudar as pessoas que trabalham no hospital a se lembrarem do motivo que as levou a escolher esse tipo de profissão”.
Para ela, um verdadeiro líder deve motivar a autorrealização em seu time. E chama atenção para o fato de que não existem abismos instransponíveis a partir do momento em que você vê beleza no que se faz, pois é aí que se dá um salto de autoestima.
Saber ouvir
“Acho que os gestores de saúde têm que dar voz às pessoas que estão ao seu redor. E precisam também aprender a ouvir”. Essa é a opinião de Maria Júlia quando questionada sobre o relacionamento dos profissionais da área. E ressalta que mais importante do que resultados, deve-se prestar atenção ao momento. “Se eu me descuido do presente, não consigo construir futuro”.
Outra questão que a enfermeira acredita que deve ser lembrada é o fato de que um hospital é um local onde são atendidas pessoas que estão precisando de ajuda. “Um profissional de saúde deve estar ciente que vai lidar com doentes. Quem quiser trabalhar com pessoas felizes deve vender vestido de noiva”.
No entanto, ela ressalta que a profissão envolve muitos percalços e dificuldades, que muitas vezes não dependem apenas de boa vontade para serem vencidas. Para explicar o motivo que leva a ter tanta paz, relembra os tempos em que ainda estava aprendendo o ofício da enfermagem. Maria Júlia conta que no início da sua carreira estava no departamento de psiquiatria e com ela estava um atendente que surtou e começou a tirar a roupa na frente dos pacientes. “Eu sai correndo e chamei o supervisor, desesperada. Quando o encontrei, relatei o ocorrido, e ele manteve a calma. Perguntei se ele havia entendido o que eu acabara de contar, e ele me respondeu: eu entendi, mas não preciso enlouquecer junto”.
Esse é o maior aprendizado que Maria Júlia aplica em sua carreira e em sua vida. Para ela, não importa se há uma crise no setor, um hospital com problemas generalizados ou uma simples falta de luz. É nessa toada leve e serena que a gestora de enfermagem do HU faz arte por meio da gestão.